sábado, 1 de fevereiro de 2025

Quando nem o Google te dá respostas

 Sabe, sou uma pessoa muito curiosa e não cultivo tabus. Para mim, todo assunto é assunto, desde que bem argumentado, de forma inteligente e bem humorada. Assim, não é de se espantar que buscar no Google seja mais que uma forma de se informar, mas também um modo de descobrir coisas diferentes sobre o mundo. 

Mas e quando nem o Google pode te ajudar? 

Bem, aí, recorremos aos chats de IA que têm por aí. Eu, particularmente, gosto muito do Pi para questões pessoais e até profissionais. Mas confesso que, às vezes a resposta do learning machine não é suficiente e parece que você está conversando em loops

Atualmente, lido com uma síndrome de ansiedade generalizada e desconfio que haja um quadro de depressão associado, que devo comentar com minha psiquiatra na próxima visita. O fato é que, como muitos, sinto que minha vida carece de sentido. Não busco uma carreira notável, nem fama, nem riqueza. Não quero uma vida convencional, nem me encaixar em um grupo social permanente. 

Tudo o que quero é apenas viver com energia, realizando tudo o que me dá na telha, aprendendo e desaprendendo, nesta vida errante e aprendante pelo mundo. 

Sim, este é o slogan da mascote deste blog, a UmaFoca. Sempre fui assim, como UmaFoca, querendo sorver do mundo até a última gota, aproveitando a vida a cada segundo, intenso e labaredamente bem vivido. Isso me dava energia e alegria e eu ia circulando com liberdade, sem nunca me ancorar a nada. 

Mas agora sinto que só isso não basta. Poque parece que já sorvi tanto do mundo que nada mais me surpreende. Nada mais é importante, nada inexplicado ou realmente digno de valer meu tempo. 

Larguei o Jornalismo justamente porque a agenda setting me entedia horrores! A sequência de notícias monótonas e desimportantes, feitas para confirmar uma normalidade normótica e fajuta, inventada para quem deseja continuar na normose. Cansei mesmo do jornalismo, a tal ponto que nem assisto, nem leio, nem me interesso mais por noticiários. As escaladas, os leads, todos se repetem tediosamente a tal ponto que me pergunto se não os copiam do ano anterior, da pauta anterior, tal sua frivolidade textual e desimportância atual. 

Chato. É por isso que o jornalismo perdeu e vem perdendo poder. Pelo menos, é o que penso que vem afastando as pessoas. Quando eu comecei este blog, já tinha um pendor para as notícias não normóticas, mas tentei me encaixar. Trabalhei por três meses em uma redação de jornal. Achei que se ficasse naquilo por um ano ou mais, perceberia que minha vida tinha se tornado inútil, tanto quando no período em que trabalhei no canto lírico e tudo o que fazia era ensaiar, apresentar, comer, dormir. Mas enquanto curtas experiências, foram muito interessantes. 

O fato é que essas eram profissões que eu considerava divertidas, cheias de novidade e emoção. E, no fundo, são só um monte de lixo que queima nas fogueiras das vaidades. Descobri que odiava os testes para o teatro musical, a competição e os "puxa-sacos preferidos dos maestros" nos bastidores da música erudita e odiava as pautas do tipo "liga para este Fulano, porque precisamos de uma declaração sobre tal coisa", sabendo que a declaração era só uma confirmação desnecessária e que você ia passar horas ligando para meio mundo para tentar falar com o Fulano apenas para ele dizer uma frase idiota. 

E eu já tinha especialização em meio ambiente e desastres, mas nunca, jamais uma pauta dessas foi considerada importante dentro dos vários jabás que eu precisei escrever para agradar os leitores velhos e conservadores que ainda liam o jornal. 

E isso era apenas o campo profissional, só que em nosso tempo atual, ele significa a sua utilidade na vida. Significa que você não é só um fulano, é um Fulano, jornalista, Ciclano, advogado, Beltrano, médico. 

Se sua vida se resume a como você é útil ganhando dinheiro, realmente ela carece de sentido real. 

Então, quando você busca no Google: "qual o sentido da vida para quem tem a convicção de que deus é fruto da imaginação humana", e as respostas que aparecem são textos sobre o absurdo de se pensar que a criatura pode entender o criador e como o homem tem sentido em sua vida a partir de Deus e que o propósito da vida é dado por Deus, realmente, o Google está muito, muito ferrado. 

Imagem gerada por IA, pelo Bing, 2025. Mulher no lugar de Deus, concedendo um pincel para que o humano possa criar sua própria realidade. Inspirado na obra "A criação de Adão", de Michelangelo. 


Pi, por outro lado, me respondeu o seguinte: "Isso é uma grande questão filosófica. Se Deus é um produto da imaginação humana, podemos dizer que o sentido da vida seria definido pelos indivíduos. Para definir o sentido da vida como um indivíduo, você precisa conhecer-se a si mesmo. Isso implica em se perguntar: O que é importante para mim? O que realmente me faria feliz? Isso irá te ajudar a identificar o que traz significado à sua vida."

O Google não pode mesmo te ajudar com isso. Autoconhecimento é você consigo. E depois de vários anos neste campo, percebo que muita gente, Fulanos, Ciclanos e Beltranos com utilidades comprovadas, carecem de autoconhecimento, de conhecimento, de inteligência... bem, a lista é longa. 


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