domingo, 11 de novembro de 2018

Como somos caretas: doutrinação, censura e liberdade

As novas gerações são muito caretas. Muito mais do que a geração de nosso pais e de nossos avós, que passaram pelo Movimento Hippie, anos 1960-1970. Sim, mesmo com maior aceitação de LGBTs e afins, somos muito, mas muito mais caretas e medrosos hoje.

E por que temos medo? Porque existem mídias sociais online, prontas para compartilhar aquele seu momento mico com todas as pessoas do mundo. E para sempre! Um mico seu, pode destruir sua carreira, seu status social, sua timeline e sua vida. Por isso, as pessoas se tornaram medrosas, politicamente corretas, no modo hipócrita de ser, escondendo quem são, para sair bem na foto. Porque tudo o que você postar pode e será usado contra você em algum momento.

Mas elas nunca conseguem esconder quem são por muito tempo. E agora, vemos muita gente que se escondia por detrás de uma fachada de "pessoa de bem", mostrar o que realmente é. 

Neste exato momento, isso acontece por conta da polarização política em que vivemos. E não, essa polarização não é esquerda-direita, pois a maioria dos brasileiros é burra demais para entender o básico sobre o que significa ser direita ou esquerda. Pra se ter ideia, tem gente que ainda teme a "ameaça comunista". Não vou nem explicar o motivo disso ser tão século passado. Quem não souber e tiver interesse, vai estudar história!

A polarização política que vivemos agora é Ignorância X Liberdade de Pensamento.

Por um lado, o Polo da Ignorância (PI, para abreviar) nos mostra, por meio de fake news, como as pessoas são frágeis em suas ideias, alguns chegam a ser ignorantes com educação, analfabetos políticos na política. Seguem a emoção, nunca a razão, por isso, tomam decisões prejudiciais. Pensam apenas no imediato, não têm visão de futuro. Dão opinião sobre tudo, mas não entendem conceitos básicos e fundamentais. Não leem, não conhecem história, não sabem a diferença entre informação e opinião, não se dão ao trabalho de compreender a raiz, o rastro de seu pensamento.

Não sabem e não querem rastrear suas ideias, pois o que querem é apenas ter uma opinião. Vai ser, obviamente uma opinião preconceituosa, pois não há conceito nela, será sempre um pré-conceito de tudo. Por isso, são pessoas que gostam de rotular as outras, já que não conseguem entender o que há por trás dos rótulos.

No outro polo, o da Liberdade de Pensamento, que vamos chamar de PLP. Pessoas que discordam do que as massas dizem. Porque as massas são sempre manada e o efeito manada é sempre ignorante. Esse polo não pode ser definido por rótulos, ele abriga pessoas muito diferentes e que mudam de opinião quando encontram argumentos que as fazem refletir. Eles rasgam os rótulos para entender o que existe em cada um deles. Não se fixam a ideias preconcebidas, porque reconhecem a raiz de uma ideia, no momento em que ela aparece.

Por exemplo: quando alguém diz que é contra a doutrinação nas escolas e que os alunos devem filmar e expor os professores que eles consideram "doutrinários", o PLP grita: CENSURA! O PI não vai entender, porque não entende que o que está fazendo, ao expor professores é censura, acha que está apenas "combatendo a doutrinação". Só que, vamos parar para pensar: Se a pessoa está ouvindo um professor "doutrinar" e discorda dele, isso é mesmo doutrinação?

Vou facilitar e dar a resposta: NÃO! Doutrinação é quando alguém incute na mente de outra pessoa, por meios verbais e não-verbais, uma doutrina específica, por exemplo a da censura. O doutrinado, neste caso, não vai reconhecer que está sendo doutrinado, pois está sendo manipulado pelo medo. Então, quem está doutrinando quem?

Os professores, dos quais podemos discordar livremente, ou a deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL), que está transgredindo leis e sendo seguida por uma manada de pessoas que ignoram o que é doutrinação? Não sei onde e como ela estudou, mas parece ter fugido da biblioteca, pois ela própria seria denunciada por doutrinação, pelo que ela faz em sala de aula.

Sabe o que é bom do PLP? Ele permite que você pense e reflita livremente, discordando abertamente da doutrinação, se assim desejar. Mas se opor à doutrinação, não é impor as suas ideias pelo grito. É abraçar a liberdade. E apenas temos liberdade, quando há respeito.

E respeito basicamente é: cuidar da própria vida e não meter o bedelho na vida alheia. Você pode até defender a censura, mas defenda-a para si mesmo. Você tem a liberdade de se censurar, mas não tente usar a sua régua para outras pessoas que não querem censura.

Com liberdade, você pode ser o que quiser. Mas seja você mesmo e viva o que você acredita.

Se você é contra a corrupção, ótimo! Comece não sendo corrupto. Se você quer violência, viva a sua violência, mas não agrida os outros. Você quer uma arma, use a sua arma para si mesmo, mas não aponte para quem não quer. Você é contra os direitos humanos? Então exerça sua liberdade de viver como um animal, explorado e manipulado, mas não se meta na vida dos humanos que querem seus direitos básicos garantidos.  

Quer ser contra a doutrinação? Então não doutrine.

Isso é liberdade, é exercer o pensamento livre, ao invés da ignorância.

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