quarta-feira, 12 de junho de 2024
Verônica Mars matando fadas da conveniência
segunda-feira, 10 de junho de 2024
A capacidade humana de ser uma eterna criança fingindo ser um adulto
Tenho escrito muito aqui sobre comportamento e várias vezes menciono a infantilidade nas relações e comportamentos humanos. Esta é uma constante que, por vezes, negamos que exista em nosso próprio comportamento. Mas está sempre lá.
Porque a criança em nós é o Id. Sabe, da Teoria da Personalidade, descrita por nosso estimado companheiro de insônia e psicanálise, Sigmund Freud. Para resumir esta teoria, o Ego, o Superego e o Id são instâncias que formam a psique humana e vivem brigando entre si.
O Id é a criança que só quer comer, brincar, cagar e prazeres da vida. O Ego é o que vai dar uma controlada no Id para adequá-lo à vida real, que precisa de convívio social, logo, algumas regras. E o Superego é o sábio em nós, tentado mostrar ao Id e ao Ego que existe mais do que necessidades básicas na vida.
Aí, vai umas piadas sobre isso:
O que disse o ego para o id? Não pense apenas em você mesmo!
O que disse o superego ao id? Senta lá, Id!
Por que o ego e o superego nunca saem para a noite? Porque eles são muito egoístas!
Então, voltando para nossa divagação, a eterna criança em nós, esse Id, é quem sempre estraga tudo: os relacionamentos, suas metas, de trabalho, de estudos, de dieta, de qualquer coisa que exija um pouco de esforço. A pessoa com o Id dominante vive querendo apenas que seus desejos sejam atendidos e quando isso não acontece, se frustra como a criança que é. Às vezes isso aparece em formas bem elaboradas, como um mau humor, uma sabotagem, uma vingança. Mas outras vezes, vem em forma de birra, gritaria e raiva descontrolada.
É possível enxergar essas nuances apenas se nós temos uma caminhada de autoobservação. Porque primeiro devemos olhar a coisa em nós, para depois observar nos outros. E claro, aprender a dominá-la nos ajuda a sermos humanos melhores.
Mas, mesmo depois de uma boa dose de dominação do Id, mesmo sendo uma pessoa controlada e bastante Superego, sim, no fundo somos apenas crianças fingindo ser adultos. E quando a gente se pega chutando o balde é porque a criança birrenta, o Id tá no controle. Mas o pior é que a gente raramente se pega chutando o balde, a gente já se pega com o balde chutado e a merda toda feita.
Então, se temos um Superego exigente, ficamos nos cobrando: porque não parei o pé antes de chutar? Mas nosso Ego vem e diz: ok você chutou por motivos nobres. E assim, a briga segue.
No final das contas, na maioria das vezes o Id ganha. A chutação de balde continua, às vezes piora até um extremo, aí vem o Ego dá uma mediada, mas o Id é quem domina o mundo. Porque a gente consegue ver o Id nas ações dessas pessoas poderosas e bizarras, como o Putin, o Trump, Kim Jong-Un, Nicolás Maduro (engraçado, são todos homens!).
A gente consegue ver a carência afetiva imensa dessas pessoas e o quanto precisam dominar, mostrar para o mundo, exibir seu poder, como um menino de oito anos que mostra o pinto para as meninas porque descobriu que isso causa certa comoção.
Lógico que o pinto do menino de oito anos é um simbolismo para o que essas figuras mostram em termos de armas fálicas, obeliscos fálicos, topetes fálicos, bigodes fálicos, várias demonstrações de pintos infantis em obras adultas. Símbolos de adultos mal resolvidos e carentes.
O Id é o que mostra que a humanidade não vai evoluir. Seremos todos eternas crianças birrentas, mostrando as genitálias como forma de chamar a atenção.
sábado, 8 de junho de 2024
Por que os homens traem mais que os cães
Por que sempre brigo com todo mundo - o rato interior de cada um
Ontem, saí com alguns amigos para um rodízio de sopas. Um deles, engenheiro civil, está cuidando de uma obra cujos pedreiros dão muito trabalho, a despeito de seus esforços. E nesta semana, ocorreu uma briga entre dois dos pedreiros. O motivo: ignorância.
A principal vulnerabilidade humana é a ignorância. Ignorar suas emoções, que são o principal condutor de seus pensamentos. As ações que o pedreiro que primeiro atacou tomou foram fruto de ignorar o que realmente ele sente em relação ao outro. Qual é sua necessidade? Dominar? Amar? Quer ser reconhecido? Ou apenas enxerga no outro algo que gostaria de ser e falha miseravelmente, por isso desconta sua frustração nele?
A formação em engenharia falha em muitas coisas, a principal é que ninguém ensina a esses pobres profissionais que terão de ser psicólogos para mediar conflitos na equipe. Que trabalhar com acadêmicos é até fácil, pois eles são razoavelmente menos ignorantes emocionalmente. Mas trabalhar com trabalhadores de escolaridade baixa é extremamente problemático.
É o nível mais baixo da roda dos ratos. Aquele nível em que eles apenas correm, correm e nunca chegam nem na ilusão de que vão chegar, pois são dependentes de seus vícios e paixões. Muitos são literalmente viciados, álcool, drogas, pornô, música ruim com péssimas mensagens (leia-se sertanejo popular e funk pessimista).
Este blog não é nenhum meio de auto ajuda, pelo contrário. Estou aqui para provocar, distribuir tapas na cara, com verdades difíceis de digerir. E iningolíveis.
Então se você é dessas pessoas que briga com todo mundo, esteja bem certo que o problema é todo seu. Você é a pessoa ignorante que implica por um copo de refrigerante, porque não reconhece que sente a necessidade de dominar. É uma criança frustrada que nunca dominou merda nenhuma na própria vida, por isso, esbraveja com todo mundo, culpando deus e o mundo por sua péssima educação e autopercepção.
Se você briga com todo mundo, tenha certeza de que é uma pessoa patética. As pessoas inteligentes olham para você com pena. Você jamais será melhor que um pobre inseto tentando chegar na luz e morrendo ao se deparar com o calor dela. Você nem mesmo está pronto para a luz. Provavelmente a coisa mais perto de melhoria pessoal que vai conseguir será trocar seus vícios em álcool, drogas, pornô e música ruim por uma dessas igrejas evangélicas de brejo, que te oferecem a salvação fácil: basta acreditar e seu deus imaginário, benevolente, porém vingativo.
Claro que existe outro caminho, mas este, uma pessoa ignorante, que briga com todo mundo por mesquinharia não está disposta a alcançar. Porque este caminho significaria abrir mão da fuga confortável dos vícios. Implica sentar-se e ouvir o que tem dentro de si. Entender seu demônios e começar a domá-los um a um.
Ah... este é um processo lento, difícil e doloroso, conhecido como zen.
O quê? Você achou que zen fosse calmo, lindo e tranquilo? Vou puxar seu tapetinho imaginário de conto de fadas. Não é.
E é por isso que nunca tem muita gente praticando, meditando. Porque quando percebe que é dureza, pula fora, vai procurar a paz nutella, o mindfulness, Yoga na prática física, coisas assim que só iludem a mente com uma pseudopaz. Ou as igrejas cristãs com seus salvadores imaginários. Se você gosta de ser a eterna donzela em perigo que precisa de um salvador, seu caminho é este. Iluda-se com seu príncipe.
Agora, se você quer mesmo dominar sua vida e suas emoções e não ser dominado por elas, o caminho é matar seu salvador e salvar a si mesmo. Matar metaforicamente, é claro, num processo de libertar -se desta ideia ilusória de que "alguém tem que me ajudar", "eu sou especial", "sou do povo escolhido".
Essa ideia falsa e aprisionante de que sua vida depende de uma figura externa a você, mais poderosa, mais magnânima e mais inteligente, que vai te pegar pela mãozinha ou te carregar no colo quando você precisar. Isso, que você chama de deus, de guru, a figura da mãe, do pai, do chefe, do governo, do protetor, do salvador, não existe. É só sua imaginação.
Claro que não é porque é sua imaginação que é falso. Pelo contrário. A imaginação é um ativo muito poderoso que os humanos possuem e que pode construir e destruir a si mesmo e ao mundo. E é por isso que devemos entendê-la e dominá-la.
Porque se deixar a imaginação nos dominar, seremos eternamente os ratos correndo na rodinha, esperando chegar a algum lugar indicado por nosso salvador, o príncipe encantado, a mãe, o pai, seu deus, seu guru. Nunca botaremos a cabeça pra fora desta gaiola.
A imaginação é um domínio humano e quando não a controlamos, são as convenções sociais que a controlam, a cultura popular incute imagens na nossa mente e nos tornamos apenas ratos obedientes. E temos até a ilusão de ter liberdade, pois o pão e o circo (leia como sextou, churrasco, álcool, drogas, pornô e música ruim) é permitido aos ratos no fim de semana.
Então, se você quer continuar sendo um rato obediente e frustrado, que briga com todo mundo e acha que é porque a culpa é deles de te encherem o saco, continue correndo infinitamente, sextando obedientemente, alimentando seus vícios como um bom seguidor capitalista do consumo feliz. Continue sua vidinha de rato.
Mas não sei... talvez você queira liberdade de verdade. Dói e é solitário, muitas vezes. Mas depois de algum tempo, a felicidade construída na verdadeira liberdade não morre, não depende de nada externo, é cultivada e mantida dentro de si. E ninguém lhe tira.
A escolha é sua.
domingo, 2 de junho de 2024
A liberdade de ser ninguém na fila do pão
Ainda me lembro de uma figura comum nas tardes de domingo. Chamava-se Faustão e ocupava a grande da TV aberta em um canal bastante popular comum programa popularesco de auditório, Domingão do Faustão. Revelava artistas, tinha grande influência em suas carreiras. Logo, era disputadíssimo e brilhar no palco do programa era deslanchar na carreira.
Isso em anos 1990, 2000, por aí. Depois, o programa foi caindo em desuso pela classe artística que passou a dispor da internet e das mídias sociais para se promover e se autopromover.
Eu me lembro do Faustão, especificamente por uma frase que ele dizia: Um dia toda a plateia vai estar no palco e ninguém vai estar na plateia, pois todo mundo quer ser famoso. Ora, será que ele estava prevendo a ascensão dos influenciadores digitais?
Obviamente ele não era tão digno de nota em sua capacidade cognitiva, então, acho que só o que ele queria dizer é: todo mundo quer ser famoso porque vê na TV esse "glamour" e acha isso bom. Acontece que as mídias sociais vieram para mostrar que a TV não importa mais tanto assim. E famosos aos milhares aparecem todos os dias. Tem muito famoso quem, mas também tem muita gente que não quer aparecer.
Celebridades de internet ultra-nichadas. Quem nunca se deparou com o cartaz de um evento anunciando que Fulano, Ciclano e Beltrano vão estar lá e se perguntou quem eram? Hoje as celebridades são tão ultra-nichadas que, do nada, aparece um amigo hipster do seu lado, dando gritinhos de alegria porque Zé Fulano está no evento. E você achava que conhecia a bolha do seu amigo hipster, mas, de repente, se vê boiando sobre quem seria Zé Fulano.
E por que saber quem é Zé Fulano é tão importante assim? - acabo me perguntando, pois justo eu, tenho ojeriza à ideia de celebridade, salvadores, endeusamento e idolatria. Só faz sentido saber quem é esta celebridade se você quer participar da bolha em questão.
Ah... as bolhas. E o que são bolhas? Esses grupinhos que antigamente chamavam de tribos e só se identificava na adolescência. Mas agora que uma boa parte do mundo se esqueceu de crescer, a ideia adolescente de tribos se transformou em bolhas. Grupinhos que se identificam por um jeito de vestir, de falar, de se comportar, aparência similar, ídolos similares, ideias muito mais do mesmo similar.
Comportamento de bolha, então, se torna tudo aquilo que essas pessoas fazem para se manter na bolha. E, acredite, são as coisas mais simples, como os canais de YouTube que seguem, e as coisas mais bizarras, como assassinar um cachorro e desenhar uma baleia na pele com estilete.
Não são pessoas livres, pois estão na bolha e se a estourarem, serão afastadas com indiferença, bloqueio de perfil e até mesmo cancelamento online. O medo de não pertencer é constante e faz essas pessoas agirem como ratos em laboratório, hamsteres correndo em rodinhas até aceitarem que a bolha do Prozac é bem normal e bem-vinda.
A ideia toda de identidade aprisiona estes seres, pois se forem excluídos da bolha, quem serão? O que farão de seu cabelo, o que vestirão? Que livros vão ler, que séries assistir? Com quem vão conversar sobre o mais novo episódio de Master Cheff, ou comentar sobre a mais nova tendência na cerveja artesanal?
Quando você olha para os lados e vê apenas pessoas iguais a você, meu conselho é fuja. Fuja rápido e para longe. Sem olhar para trás. Porque sua vida vai ser só triste e monótona. Sua ilusão de pertencer vai te levar ao vazio criado pela identidade falsa. Você será apenas um falsário de si próprio.
A liberdade não é concedida por ninguém, é tomada à força.
É uma ideia da qual as mentes vivazes absorvem a essência repudiando rótulos, bolhas, identidades, similares, unanimidades. Toda unanimidade é burra, já dizia alguém muito importante que infelizmente esqueci quem é.
Só tem liberdade quem tem coragem. Coragem de furar a bolha, de questionar a identidade, de abandonar seus rótulos e deixar de esperar likes e comentários nas mídias sociais para se sentir influenciador. Não vou usar o clichê de "ser quem você é", porque a maioria das pessoas infelizmente não sabe quem é, nem o que quer. Só sabe do que gosta e do que não gosta e isso não define ninguém.
Gostar e não gostar é a receita para a eterna insatisfação e sofrimento. Se você apenas aceita o que tem para hoje, independente de gosto, se adapta e se move naquilo, buscando o que há de melhor, não no outro, mas em si mesmo com aquela situação, você domina as circunstâncias que causam o sofrimento. E aprende a ser livre.
Liberdade é ser ninguém na fila do pão e amar isso.
Quem se importa?
Ontem terminei de ver uma série chamada Um Cavalheiro em Moscou, baseada em um livro homônimo, escrito por Amor Towles, uma cara de depois de fazer carreira no mercado financeiro, tornou-se escritor em tempo integral. Ou seja, vive o sonho da vida de todo escritor: escrever sem se importar se isso vai dar dinheiro ou não, pois já tem dinheiro para se manter.
Não li o livro, apenas vi a série no catálogo da Paramount e como tinha terminado um drama coreano sobre vingança e terminado apenas um filme bom sobre a naturalidade da morte na natureza, dentre tantos outros começados e não finalizados por absoluta incompetência roteiristica, a série me pareceu muito bem roteirizada.
O roteiro, caros, é o que importa nos filmes e bons personagens são o que sustentam o bom roteiro. Na série um dos bons personagens que vemos é Mishka, amigo próximo do protagonista, o Conde Alexander Rostov. O contexto é a Revolução Russa, que estourou em 1917 e eliminou rapidamente os títulos de todos os nobres e toda a ordem aristocrática e monárquica até então estabelecida, transformando os nobres em criminosos, automaticamente.
Alexander, o Conde, acaba sendo condenado por um tribunal bolchevique à prisão domiciliar e como ele estava vivendo em um hotel desde que sua casa havia sido incendiada, como a de vários nobres, em 1917, sua prisão passa a ser o próprio hotel, mas em um pequeno quarto do sótão.
De cara, percebemos que este Conde não é um nobre esnobe qualquer, quando ele encara positivamente as mudanças, sem se afetar, ou reclamar, apenas mantendo sua dignidade, enquanto soldados sem hora marcada entram para revistar seu quarto e uma espécie de carcereiro carrancudo o vigia de perto, fazendo-lhe questionamentos e comentários que podem até ser considerados rudes, mas são apenas fruto de sua formação.
E a história se passa entre 1922 e 1954, acompanhando este contexto de revolução e mudanças na política, economia e sociedade russa.
Voltando a Mishka, este é um revolucionário de carteirinha. Um cara que pregava tomar todos os bens dos ricos para distribuir aos pobres, dividir suas terras e eliminar quem não colaborasse. Aleksander a princípio está desgostoso com ele, por suas ideias radicais e por um assunto do passado que os dois tem em comum. Mas logo, percebemos que a amizade é maior que questões políticas ou erros do passado.
Mishka é extremamente leal a suas ideias, aos seus amigos e a si próprio. A ponto de se ferrar por conta de suas convicções. Afinal, nenhuma revolução violenta aceita opiniões divergentes. Ele é preso, enviado a um gulag e só sai de lá depois da morte de Stalin.
Quando reencontra o Conde, está exausto e desgostoso com os rumos que seus ideais tomaram. O partido o expurgou como um criminoso e agora briga pelo poder.
As decisões acerca da economia russa são catastróficas e provocam a fome, a miséria e a morte de milhares nos campos que outrora eram administrados pelos nobres, mas agora pertencem às comunas. Os nobres não estavam fazendo um excelente trabalho ao administrar suas terras e o governo, formado por nobres, também não ajudava, recusando-se a um investimento em tecnologia agrária que pudesse melhorar as condições de vida da população. Ou seja, a revolução de 1917 teve início na incompetência acumulada em décadas de má gestão. Só que a gestão comunista não fez melhor.
As comunas não sabem administrar os campos. O governo coloca operários para cultivar alimentos e gerenciar as colheitas, sem nenhuma experiência. Por ter a ilusão de autossuficiência, a Rússia recusa inovações tecnológicas que possam melhorar a produção de alimentos. É um contexto que leva a um Estado quebrado, que sobrevive de aparências iludidas. O povo, que tanto foi usado na revolução, morre de fome em campos sem produção.
E Mishka, após anos sendo leal ao partido, preso e expurgado por isso, vê seu sonho de igualdade, de fim da miséria e distribuição justa de recursos, reduzido a uma utopia nunca alcançada. E então, ele se despede da proteção do amigo, deixando apenas uma frase, quando perguntado aonde vai:
"Quem se importa?"
A série tem muitas frases que te fazem refletir e duas mostram bem a personalidade do Conde: "Se a pessoa não dominar suas circunstâncias, ela é dominada por elas" e "O mais certo sinal de sabedoria é o contentamento constante". Mas, o "quem se importa?" do Mishka trouxe uma dimensão política avassaladora para as reflexões que a série traz.
Primeiro: não é por acaso este contexto polarizado de uma revolução que rapidamente mudou toda a Rússia. Isso não era novidade há um século, assim como hoje, ainda é atual. Vivemos a ascensão dos partidos radicais de direita, teorias conspiratórias e ideias para revolucionar o mundo com armas e militares, porque estas polaridades são típicas do humano mediano, frustrado em sua ideia de dominar seu meio, com emoções infantis mal resolvidas. Ou seja, estão sempre lá no humaninho medíocre, prontas para aflorar quando um degenerado qualquer com ideias megalomaníacas de controle mundial e espírito patriótico surgir (e aqui nem estou falando apenas de Hitler).
Segundo: "Quem se importa?" deveria ser uma frase repetida como mantra histórico. Pois ao final de toda revolução violenta, há apenas a dívida e a miséria. A história, para quem a conhece, está aí para confirmar isso. Mas os humaninhos medíocres sempre acham que farão diferente, pois acreditam em sua superioridade.
Terceiro: "Quem se importa?" poderia até ser niilista, mas eu considero o niilismo uma ideia fraca de uns coitados depressivos. Porque o "quem se importa" significa muito mais do que "olha, sou um pobre depressivo porque tinha ideias de poder que foram frustradas". "Quem se importa?" significa a libertação dessas ideias que levam a humanidade a lugar algum. O humaninho medíocre sempre se encontra preso, acorrentado a ideias que já se provaram fracassadas, mas ele insiste que com sua superioridade podem ser melhoradas.
Mas a realidade é que se você deixa de se achar o umbigo do mundo e passa a entender que realmente ninguém se importa, você está livre destas correntes. Deixe de ser medíocre, humaninho! Deixe de querer a atenção de seu pai e sua mãe como criança frustrada que você é. Cresça!
Enfim, a frase final de Mishka vem para nos jogar na cara esta realidade. A política que não importa, pois está em constante mudança e os humaninhos que topam jogar seu jogo querem apenas beneficiar seus próprios interesses. Os partidos que apenas são um microcosmos dos conflitos humanos e suas emoções infantis. Os governos que carecem de racionalidade e estratégias, pois vivem ao jugo dos partidos e interesses individuais. A sociedade que ignora como funciona um sistema político e sustenta ideias fantásticas de mundos fabulosos que não existem.
Ninguém se importa, pois tudo muda e não temos controle de nada. Apenas o desejo infantil de reorganizar o mundo, como se fosse uma brincadeira de lego.
Fonte: Divulgação Paramount, Um Cavalheiro em Moscou, para resenha.