E ela me fez rir.
Porque é verdade. É real. Porque o que vivemos é a confusão caótica da segunda linha "The Reality as it actually happened". O doutorado é isso. Esse caos infinito, confuso e estressante, do qual 75% dos estudantes sucumbirão a alguma doença mental.
Mas na hora de defender diante da banca, relatamos apenas o que os critérios exigem, ou seja comunicamos a primeira linha "The Reality as we communicated". Engolimos o choro, o desespero, o caos mental, os remédios, as horas de terapia, a falta de grana, as bolsas defasadas, a falta de um bom plano de saúde, a insônia, os pesadelos, as doenças somáticas, a dúvida, principalmente a dúvida de que conseguimos, e tantas outras coisas.
E mostramos um cronograma hipócrita exibindo a jornada acadêmica como a comunicamos, não como a vivemos.
Ora, vamos lá, assumam que somos o caos! Porra, banca, acorda e pelo menos leiam toda a nossa tese! Facilitem a marcação da data. Sejam claros e objetivos na avaliação. Se concentrem no conteúdo, não nos erros de português que serão corrigidos por um revisor depois! E pelo menos, pelo menos, não nos olhem com aquele olhar de "do que você está falando?", quando você estiver lá na frente contando sobre como chegou até ali, a realidade.
Todos os acadêmicos passam por isso. E se têm a incrível capacidade de não passar, deveriam ter um mínimo de empatia pela maioria que passa. E se passou e não tem empatia, vai procurar uma terapia!
Sim. A risada do desespero é um desabafo. Porque é um sistema esmagador, cruel e que ignora a dor das pessoas. Mas pior que ignorar é não fornecer ferramentas para melhorar esse sistema.
Como diz o sábio Frejat: "que você descubra que rir é bom, mas que rir de tudo é desespero".
Nenhum comentário:
Postar um comentário