quinta-feira, 15 de agosto de 2024

Você acha que a pandemia fodeu com a sua vida?

 É uma pergunta retórica para a maioria das pessoas, com certeza. Porque sim, a pandemia fodeu com vidas. Algumas, literalmente, outra, metaforicamente. Com a minha, fodeu de uma forma estranha. 

Porque não posso considerar uma foda ruim. Em 2020, eu comecei fazendo uma cirurgia e tive de prolongar minha licença médica do trabalho por mais um mês. Quando retornei, estava decidida a me demitir. Mas, tive a sorte de a minha demissão sair no dia em que voltei, em fevereiro. Tudo estava dando muito mais certo do que eu tinha planejado. A princípio, eu pediria demissão e não receberia indenização, nem o seguro desemprego, nem poderia tocar no meu FGTS. 

Mas como a demissão foi decisão da empresa, todos os benefícios estavam liberados. E para completar minha maré de boa sorte, consegui pegar uma concorrida bolsa de doutorado no mesmo mês! Me mudei para perto da universidade e estava desfazendo caixas de mudança, quando recebi a mensagem derradeira. 

Março de 2020. A pandemia tinha chegado arrombando a porta da nossa realidade. E a universidade fecharia por tempo indeterminado. 

Um mês, pensei, e tudo volta ao normal. Até gostei do mês de férias, pois tinha comprado um curso e queria muito estudar aquilo tudo. Fui morar com o namorado e os meses foram passando. Depois de cinco meses morando com ele, conversamos: era hora de oficializar. Entreguei meu apartamento perto da universidade, no qual eu havia morado por apenas duas semanas, e decidimos nos casar no final de outubro. 

Home Office, casamento, uma linda casa na floresta, até adotei um cachorro. Quem gostaria de mais no meio da pandemia? 

Não foi ruim. Mas então, a pandemia acabou. Com o fim da pandemia, senti falta do trabalho presencial, das atividades presenciais, de andar pela rua à noite, nos bairros movimentados onde eu morava. Ver gente, frequentar lugares diferentes, academia antes do trabalho. Acordar cedo. 

Nada voltou ao normal. 

Não tem essa história de novo normal, tudo parece virado do avesso. E só reparei bem agora, quatro anos e meio depois que a pandemia alterou meus planos. 

Parece que minha vida parou naquele mês de março de 2020 e nunca mais voltou ao "normal". 



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